Testemunho de Nívea Soares: "O único motivo que me fez e faz continuar é Ele"
Num emocionante relato, o testemunho de cura da depressão, da rejeição e do racismo de quem vivia cercada por muitos, mas ao mesmo tempo, se sentia só: a cantora, compositora e ministra Nívea Soares
Ela
é de uma tamanha humildade, sinceridade, transparência, carisma e
unção, que ao mEsmo tempo, comove e constrange. E como cantora,
compositora e ministra de louvor, é dona de uma voz única como Ela só.
mas poucos ou ninguém sequer imaginam o que ela viu, ouviu e viveu ao
longo de seus 33 anos, até ser curada. Filha caçula de uma família de
duas irmãs, um irmão, mãe e pai, ela nasceu e cresceu cercada já por
adolescentes e adultos da própria casa, todos criados no evangelho. a
rápida, mas precoce, maturidade conferiu-lhe bagagem para lidar com os
desafios futuros, mas também deixou-lhe marcas profundas...
A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
“Eu
era uma criança numa casa de adolescentes e adultos. Não tinha muito
com quem brincar. Fui também uma criança muito insegura pelo fato de ser
negra e não conseguir falar abertamente sobre essas coisas e ainda por
cima não ter muitas amiguinhas próximas que experimentassem da mesma
realidade que eu. E por ter passado a maior parte do tempo entre
adolescentes e adultos, eu sabia dialogar com eles, mas não com as
crianças. Não sabia me defender, tive muito medo das crianças e dos
adolescentes da minha idade. Cresci sendo uma menina muito insegura. E
era tão insegura a ponto de tremer de medo diante de situações, de
pessoas, de não conseguir falar. Era uma opressão mesmo sobre a minha
vida. Apesar disso, durante todo o tempo da minha infância e
adolescência, eu pude ver Deus me cercando de todos os lados. Por mais
que eu tivesse perdida nas minhas crises emocionais, nas minhas dúvidas,
na minha falta de auto-estima, na minha falta de esperança. E num
desses momentos em que estava sentindo muito medo, eu ouvi claramente a
voz de satanás falando comigo: ‘Eu vou te levar para o inferno. Você vai
morrer. Eu vou te destruir’. Ele me ameaçava o tempo todo. Eu estava na
minha cama, na beirada da janela. E naquela mesma hora, eu senti um
calor, não físico, mas espiritual. Senti uma presença que trouxer alívio
e ouvi uma voz maravilhosa falando comigo: ‘Você é minha. Eu vou te
levar para o céu. Você é minha filha’. Era o Senhor falando comigo, era o
Papai. Aquela voz me trouxe consolo. Depois disso, dormi bem a noite
toda. Toda a glória a Jesus!
RACISMO E PRECONCEITO
“Ainda
hoje me recordo de quando cheguei à sala de aula na escola e me
assentei. Foi quando as outras crianças começaram a zombar de mim, do
meu nome e da cor da minha pele. Chamavam-me até de ‘Olívia Palito’ e
puxavam meu cabelo. E ao chegar em casa e tomar banho, por diversas e
diversas vezes esfregava, com bastante força a bucha sobre a minha pele
para tentar tirar a cor e ver se eu ficava branca. Sentia uma extrema
necessidade de ser aceita, amada. Cheguei a perguntar a minha mãe de que
cor eu era. Foi chocante para mim esse racismo, esse preconceito,
porque nunca tinha visto e experimentado isso. A minha insegurança foi
amplificada e se tornou maior ainda. Piorou a situação e gerou um monte
de questionamentos na minha cabeça. Como eu não sabia exteriorizar o que
sentia, eu guardava, porque achava que tinha de ser perfeita. E assim
foi na caminhada da igreja, durante o período que participei dos grupos
da igreja (...) E a minha necessidade de ser aceita ainda continuava. Em
parte, isso se dava por causa da relação que tinha com meu pai. A
linguagem de amor que ele tinha para com todos nós era o dar, o suprir,
para que nenhum de nós passássemos fome. Hoje entendo isso, mas na minha
adolescência, cobrava dele mais amor. Não entendia que somos a nossa
história de vida. Depois de casada, tive a oportunidade de conversar com
ele acerca de tudo isso. Foi muita graça do Senhor. Eu falei e ele
também. Deus trouxe cura sobre aquelas questões de paternidade em
relação a ele. E quando papai morreu, em 2004, estávamos no melhor
momento do nosso relacionamento.
A CONVERSÃO
“Minha
mãe sempre me ensinou a Palavra de Deus, sempre lia a Bíblia, orava
comigo, tinha momentos devocionais. Eu sempre ia à igreja, à escola
dominical. Foi uma época que aprendi muito. Foi também uma raiz muito
positiva para mim, pois muitas experiências ruins foram evitadas
justamente por eu ter tido essas raízes até mesmo morais que me foram
ditas, ensinadas e que ecoavam na minha cabeça, na minha mente quando eu
era criança e adolescente. Muitas coisas foram evitadas por causa do
temor a Deus injetado no meu coração naquela época. Aos 11 anos eu fiz
minha decisão. Eu não sei dizer se sabia exatamente o que estava
fazendo, mas sei dizer que desde aquela época, eu passei a sentir temor a
Deus em meu coração.
A CURA
A
cura “O Diante do Trono (DT) foi o lugar que Deus escolheu para tratar
dessas questões em meu coração. Elas ainda existem na minha vida porque
sou ser humano. Mas eu tenho remédio para elas hoje. Naquela época, eu
não tinha. E o remédio é a presença e a graça de Deus. E o DT foi uma
cura muito grande para mim pelo fato de Ana (Paula Valadão, líder do
Ministério) ter me chamado para ser uma das vocalistas na gravação do
primeiro CD, em dezembro de 1997. Em julho de 1998, na ocasião a
gravação do segundo CD, o ‘Exaltado’, conheci mais de perto a Pr.
Ezenete Rodrigues. Ela conta que tinha me assistido no vídeo da gravação
e que o Senhor começou a falar com ela a meu respeito, a descortinar a
minha alma para ela. Eu era uma pessoa trancada, que não queria fazer
nada de errado, porque eu temia ser punida. O Senhor começou a falar a
ela coisas que só eu sabia. A menina que era trancada começou a sair.
Ela me dizia: ‘Você está dentro de uma sepultura. Eu olho para você e
vejo como se você estivesse dentro de uma sepultura espiritual, como se
estivesse morta. Quando você ministra, você ministra para si mesma’. Era
assim mesma que estava me sentindo: morta. Queria morrer, chorar,
gritar, sair correndo. Eu estava muito quebrada, arrebentada. Deus então
começou a descortinar e aquelas palavras entraram em meu coração. Ela
me disse: ‘Você quer o que Deus tem para você?’ Eu disse: ‘Eu quero’.
Aquele dia foi como se eu tivesse dado um salto e tomasse uma decisão. E
foi uma decisão espiritual que tomei. Foi muito forte que não saberia
descrever em palavras. Foi como se saísse de uma prisão. Sentia que pela
primeira vez estava respirando sem culpa. Sentia culpa por tudo. Sentia
que Deus me acusava e não conseguia entender que Deus era meu Pai. Era
um relacionamento de medo. Achava que tinha de ser perfeita, se não,
Deus iria me castigar e punir por isso. Comecei a respirar e a entender
que Deus me amava. Não por meus méritos ou porque cantava. Foi
extremamente libertador. Quando realmente a gente entende o amor de
Deus, Ele nos liberta dessa necessidade de querer ser aceito, custe o
que custar. Foi nesse processo também que muitos dos meus sonhos vazios
em relação à música foram deixados de lado, jogados fora, porque eram
sonhos baseadas na minha carência. Por muito tempo, a música foi um
escape para mim. E quando descobri que sabia e podia cantar, descobri
também na música uma forma de compensação, porque eu me achava feia. Eu
não era a menininha popular da escola, odiava a minha cor, o meu cabelo,
odiava tudo que eu era. Então pensei: ‘Já que não sou nada, vou cantar.
E vou cantar muito. Quero cantar muito, quero aprender, quero ser
melhor, porque assim as pessoas vão gostar de mim, vão me inserir, vão
conversar comigo’. Abri mão de tudo isso. Inclusive de gravar CD, pois
era o que eu mais sonhava e desejava naquela época. E na cura, foi como
se eu entrasse numa clínica de desintoxicação de Deus. A minha vontade
de gravar passou e tornei-me ‘viciada’ em estar na presença de Deus. E
quando dissera finalmente a Deus que não queria mais gravar, a minha
liderança me procurou e me disse: ‘Nívea, queremos gravar você’.
(Risos). Foi o tempo de Deus. Eu não corri atrás de nada. Hoje posso
dizer, após tudo que já vi e vivi, e até hoje vejo e vivo, é que a única
coisa que me fez e faz continuar é Ele. É olhar para Ele. Ele é o meu
galardão. Tenho a plena consciência de que tudo que a gente alcançou foi
por causa e interferência dele. Foi Ele quem direcionou.
A LIÇÃO E O RECADO
“Não
adianta apenas ter. Porque ter sem ser se torna perda. É ilusório
pensar que a solução para as nossas tristezas, a nossa solidão, os
nossos problemas, é ter uma casa maior, um carro mais bonito, um
casamento estável. Não que isso seja ruim ou errado. Mas a questão dos
homens não é ter, mas ser em Deus. É a pessoa se amar, aceitar a si
mesma, aceitar-se como ela é. É a pessoa ser sarada. Dinheiro e projeção
não fazem isso. Só a revelação do amor de Deus. A solução para o ser
humano é receber o amor de Deus que nos cura. E nada mais. Não desista
dos sonhos de Deus para você. Sonhe os sonhos de Deus. Ele os tem para
cada um de seus filhos. Se Ele deseja que você curse uma faculdade,
faça-o. E faça o melhor. Deus precisa de gente em todas as áreas da
sociedade. Não pare de sonhar. Pois esses sonhos de Deus são imortais. E
quando o Reino de Deus e sua justiça estão em primeiro lugar em nossas
vidas, Ele nos acrescenta. E não podemos romper com essa prioridade.
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